O aumento dos casos de depressão tem despertado a atenção de autoridades e profissionais de saúde. Em todo o mundo, cerca de 300 milhões de pessoas sofrem da doença, segundo a Organização Mundial da Saúde. No Brasil, o cenário não é diferente: a condição atinge 1 a cada 20 brasileiros (a maior prevalência entre todos os países da América Latina). Em 10 anos, o número de casos cresceu 18%, e a tendência é que a depressão se torne a principal causa de afastamento do trabalho já dentro de alguns anos.
Diante desse cenário, torna-se importante conhecer as características dessa doença, que já está sendo chamada de “o mal do século”. Em geral, a depressão se instala lentamente, mas já no início do quadro é possível detectar alguns sinais do adoecimento. Você sabe quais são eles?
Tristeza constante: todos nós enfrentamos períodos de desânimo, mas quando a negatividade passa a ocupar rotineiramente os nossos pensamentos e a melancolia vira rotina, há chances de que a mente esteja ficando doente. Tristeza que não passa é, portanto, um dos sinais de alerta para a depressão (e talvez o mais conhecido deles).
Alteração do Sono: essa costuma ser uma das primeiras manifestações dos transtornos depressivos. Podem ocorrer insônia inicial (dificuldade para iniciar o sono), despertares mais frequentes durante a noite (também com problemas para voltar a dormir) e, consequentemente, sonolência excessiva durante o dia.
Cansaço exagerado: a mudança da disposição para realizar as atividades do dia a dia pode ser um indicativo precoce desta enfermidade. Tarefas rotineiras, antes realizadas com prazer e facilidade, tornam-se um fardo para pacientes deprimidos.
Nervosismo: aos poucos a paciência se esgota e qualquer contratempo é suficiente para tirar do sério até mesmo as pessoas mais tranquilas. A maior dificuldade para controlar a irritação e a raiva pode ocasionar discussões e brigas com familiares e amigos próximos.
Dificuldade para se concentrar: não é incomum que o paciente deprimido perceba que o seu pensamento está menos agil e que tem sido mais difícil manter a atenção e a concentração na realização dos afazeres diários. Esse sintoma pode provocar esquecimentos e a perda de interesse por alguns hábitos, como a leitura, por exemplo.
Mudanças no apetite: assim como outras áreas, o apetite sofre influência do estado emocional. Alterações em seu padrão podem ser reflexo do humor deprimido. Alguns pacientes comem compulsivamente, outros deixam de sentir fome e reduzem significativamente a ingestão de alimentos. Como consequência, observam-se ganhos ou perdas expressivas de peso nesses indivíduos.
Perda do prazer por atividades de seu agrado: progressivamente a pessoa deixa de sentir o mesmo entusiasmo por tarefas outrora interessantes, principalmente relacionadas ao lazer. O esporte preferido fica de lado, os passatempos são abandonados e até mesmo os amigos perdem a companhia para festas. Há uma tendência a se isolar cada vez mais.
Redução do desejo sexual: a mesma perda do interesse por atividades prazerosas percebida em outras áreas da vida atinge a esfera sexual. Embora o amor pelo(a) companheiro(a) continue existindo, ocorre uma diminuição da disposição e da vontade de manter relações sexuais. Geralmente esse afastamento é percebido pelo(a) parceiro(a), e é importante que haja diálogo entre o casal.
Sintomas físicos: geralmente se tem a ideia de que a depressão traz apenas alterações relacionadas à mente e às emoções. Você sabia que também existem os chamados sintomas físicos da depressão? É possível que dores no corpo e problemas digestivos, entre outras manifestações, estejam associadas a essa doença. Isso é desencadeado pelo desequilíbrio químico observado no corpo do deprimido, que acaba gerando consequências sobre todo o organismo.
A presença dos sintomas descritos acima deve acender um sinal de alerta para a depressão. Como o próprio termo diz, tratam-se de “sinais de alerta”, ou seja, características que despertam a atenção e devem nos levar a observar com mais cuidado nossas próprias emoções ou o comportamento de familiares que possam estar sofrendo algum abalo.
Para caracterizar adequadamente o quadro clínico e estabelecer um diagnóstico preciso, é fundamental que se consulte um médico especialista. O médico especialista no tratamento da depressão, assim como de outros transtornos mentais, é o médico psiquiatra.
A partir de uma avaliação completa, o psiquiatra identifica a necessidade de tratamento. Define-se então, de forma individualizada, a melhor estratégia para a recuperação do paciente. O tratamento pode envolver a prescrição de medicamentos (em geral antidepressivos) e/ou a utilização de técnicas de psicoterapia. A retomada da qualidade de vida e do prazer de viver são apenas uma questão de tempo! Quanto mais cedo se faz o diagnóstico, melhor costuma ser a resposta!